RENÚNCIA É ANÚNCIO

18/02/2013 23:18

Uma renúncia sempre causa grande impacto quando, a princípio, parece tudo normal. A atitude do Papa já deu motivos para que especialistas fantasiassem sobre as causas. É difícil acreditar, mas Joseph Ratzinger tem atitude. Ninguém é obrigado a morrer no cargo – nem mesmo ele, o Papa. O grande teólogo católico defensor de uma teologia dogmática e euro-conservadora não renunciou, mas foi obrigado a deixar o seu cargo em função da grande pressão mundial advinda dos seus próprios colegas neo-dogmáticos.

Estar na função de Papa, exige um profissionalismo altamente competente. Ser competente é dominar um conjunto de valores, atitudes, habilidades e conhecimentos que levam as pessoas a obter alto desempenho. Quando, na função, já não se consegue obter alto desempenho, então é hora de permitir que outra pessoa desempenhe a função. A Igreja Católica vem perdendo fieis e espaço. Ratzinger, com certeza, será muito útil, poderá prestar grandes serviços à Igreja. Afinal é um homem de muito conhecimento e experiência e esses não deixarão de estar à disposição.

Joseph Ratzinger foi exemplar, foi inovador, foi também moderno. Que sua atitude faça escola, junto aos que já não tem vigor do corpo e da alma. Ninguém se torna inútil, mas ninguém pode eternizar-se em um cargo. O custo para tal proeza é muito alto.

A renúncia anuncia mudanças. Quando pronunciou as palavras "...ad navem Sancti Petri gubernandam et ad annuntiandum Evangelium etiam vigor quidam corporis et animae necessarius est...", ou, "...para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário o vigor tanto do corpo quanto da alma..." não disse tudo. A barca de São Pedro precisa de um líder com atitude política. Governar a Igreja Católica é ser inspirador de fé, mas é ser também um profundo conhecedor da política. Sem o vigor físico, a renúncia permite a Ratzinger assistir seu sucessor, mas permite também assistir aos novos rumos que serão encaminhados pelos autores de complôs e intrigas na Santa Sé.

A renúncia pode ter sido uma atitude de Joseph Ratzinger, pode também não ter sido. Quando não estamos, estamos distante da verdade. O certo é que estamos diante de mais um mistério – da Igreja.

                                                        Professor Romério Gaspar Schrammel

 

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