
O Diretor... não, da escola!
10/10/2012 08:34O hospital superlotado, médicos e enfermeiras já não sabem o que fazer. Há necessidade de priorizar. Os profissionais são xingados, são também ameaçados fisicamente. Saímos do hospital e vamos para a escola. Aqui piorou, espaço sem disciplina, sem motivação, sem salário, sem pensar. A escola está diante de um sério dilema. Ela carece de projeto pedagógico, carece de profissionais, carece de bons salários, carece também de credibilidade. O que as crianças e jovens antes recebiam na escola hoje recebem em inúmeros espaços virtuais. E daí?
A escola está em descompasso. José Pastore, em recente entrevista, falando sobre a deficiência da educação brasileira, disse que o fracasso da educação reside no binômio professor e diretor ou gestor. Chamou a atenção, pois é normal falar do professor, mas não do diretor. O professor é o problema mais grave, pois não está preparado para a sociedade do conhecimento porque o diretor, o gestor da escola, não seguiu as demandas, as tendências dessa sociedade. O gestor precisa estar na sociedade e observar a escola de fora. Quem faz o inverso, sempre tem certeza de que a sua escola é a melhor – mas o mundo gira. Quando acorda, os seus alunos já estão revelando no face. Face que o diretor ainda não conhece – se conhece, não usa.
Muitos profissionais, que vêm para o mercado de trabalho, vêm de escolas emergentes, fazendo cursos emergentes. Todos querem que o aluno aprenda a pensar. Cabe à escola refletir, pensar sobre a mudança histórica nos modos de construirmos o que somos, as maneiras de nos relacionarmos com os demais e com o mundo, pois o modelo de ontem foi sendo corroído pelas redes sociais.
O diretor deve sentir-se instigado a pensar acerca da escola do amanhã. Indagar o que é uma escola, qual sua finalidade para o amanhã, como gostaria de transformá-la, como torná-la o espaço do pensar?
Como afirma Pastore, a escola não é algo isolado do resto da sociedade, portanto ela também vai mudando ao compasso das transformações socioculturais, políticas e econômicas. No entanto, essa capacidade de adaptação é limitada: seu formato não tem uma flexibilidade total e pode chegar um momento em que não dê mais conta das mudanças. Em um passado não muito distante, a escola não existia, ela pode muito bem vir a desaparecer, ou a se transformar radicalmente.
A antropóloga Eleonora de Lucena sugere uma reflexão profunda sobre a possível fusão entre dois universos: o dispositivo pedagógico no qual se baseia a escola tradicional, por um lado, e o universo das redes informáticas, por outro lado. Pensa o diretor, pensam os professores, pensam também os alunos.
Professor Romério Gaspar Schrammel
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