
ENCONTRAR UM PONTO DE PARTIDA
20/08/2012 14:13Os dias são de resultados alarmantes, preocupantes. É nas olimpíadas, na educação, na política, na justiça, na economia. Para onde vamos? O que fazer? A primeira atitude de muitos é achar um culpado. O que seria apenas prolongar o sofrimento. Aliás, é o que mais se tem feito. É preciso encontrar saídas estratégicas saudáveis para todos. Os resultados de hoje são plantados há tempos. Os cidadãos de bem já não ocupam espaço na política. Quem são os nossos referenciais? Já não encontramos cidadãos que gritam por justiça e mudanças. Parece que todos estão comprometidos. Tenho me manifestado, mas experimentei excomungado, pois a sociedade está equivocadamente organizada e argumentar é confrontar.
Acreditamos que tudo começa por uma educação de qualidade. Copiamos exemplos de outros países sem olharmos para a nossa cultura. Resultados em educação e esporte são frutos de muito trabalho e muito estudo - para citar dois exemplos.
Sempre questionei a relação das empresas com a escola. As empresas não cobram qualidade. Enfim, escola e empresa parecem viver em mundos diferentes – no Brasil. Afirmações de empresários ou diretores de setores aumentaram minhas preocupações, pois ouço expressões daqueles que decidem ou autorizam projetos nas empresas como: a)... nosso orçamento de treinamento está totalmente direcionado para os funcionários. b)... eu acho melhor realizar muitos treinamentos durante o ano, porque você acaba vencendo pela insistência. c)... quanto mais gente treinando, maiores as chances de melhorar os resultados. d)... o que a escola ensina não tem utilidade para as empresas. Tudo isso dito com muita naturalidade, com muita segurança.
As escolas precisam se reinventar. O país precisa se reinventar. A maioria dos professores está sobrecarregada, mal-remunerada e desmotivada, sem plano de carreira que valorize o aprendizado e a relação com a classe. Processos comerciais travestidos de "metodologias de ensino" padronizam disciplinas e avaliações, transformando muitas instituições em centros de adestramento, preparatórios para determinados exames ou necessidades operacionais do mercado. Na educação aplicam exames, nas doenças aplicam vacinas e na política resolvem com pacotes. Tudo de um jeito milagroso. Não funciona. Dá voto, mas não traz eficiência, não qualifica.
O Brasil mais parece o "paradoxo de Schrödinger", um experimento imaginário concebido em 1935 pelo físico Erwin Schrödinger para expor uma das consequências menos intuitivas da mecânica quântica.
Nossa caixa, aquela que nos impede de pensar, também é uma construção imaginária, por mais bem acabada que seja em nossa imaginação. Ela foi "construída" para que não tenhamos que pensar, para justificar o fato de que preferimos não pensar, não planejar. No entanto, para mudar precisamos da participação de diversos setores da sociedade. Neste país o público e o privado, de todos os setores, precisam aprender a sentar na mesma mesa para fazer acontecer. Fazer com qualidade, com ética e com responsabilidade. Dar espaço para os que detêm o conhecimento e a prática. Faço minha as palavras de Cecília Meireles: “Dai-me, Senhor; a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço."
Professor Romério Gaspar Schrammel
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