AS MULHERES VIVEM, OS HOMENS MENOS.

02/01/2013 22:06

                                                                                         Romério Gaspar Schrammel *

Nasci em uma pequena localidade, onde começam as belezas da serra gaúcha. A localidade tem uma boa qualidade de vida, boa educação, vida religiosa, corais, grupo de terceira idade, time de futebol, associações, enfim, não falta em que as possas possam se envolver. Chamou minha atenção a morte de um senhor de 92 anos, que há setenta e cinco anos cantava no coral dos homens. Descobri então que na localidade havia pelo menos mais alguns senhores que estavam entre os 80 a 90 anos. Meu pai, falecido, faz mais de quinze anos. Poderia estar dentre os senhores de idade. Não está. Meu pai era fumante.

Fazendo um rápido levantamento, consegui nominar o cinco senhores e, para meu espanto, não mais senhoras entre os 80 a 90 anos. Analisado os senhores da quarta idade ainda vivos, com os já falecidos, há algo curioso. Os senhores vivos têm um estilo de vida muito semelhante, não são trabalhadores vorazes como os já falecidos, não fumam como os já falecidos, não são de beber muito álcool, são homens tranquilos. Curiosamente, as esposas, da maioria dos sete, já são falecidas, como são falecidos muitos maridos de senhoras que estão entre os 70 a 80 anos.

Há estudos sérios sobre o fato de mulheres viverem mais que os homens. Quero viver mais que meu pai. Isso implica, obrigatoriamente, mudança nos hábitos de vida. Preciso trabalhar menos. Dar mais espaço para o lazer, para o próximo e não me estressar com o que não posso mudar – que não são poucas coisas e não deixar de visitar o “doutor”. Não fumo e não bebo. Passei a priorizar a natureza e os amigos. Concentro-me em um pequeno grupo de amigos, até para não ser usado pelo outros, pois isso estressa. Os amigos fazem bem, mas os outros, muito mal. Há estudos sobre o número de pessoas às quais podemos dar atenção, fica próximo dos cento e dez – já não é pouco.

Que saibam os homens: se por um lado nenhum morreu durante o parto, por outro a causa mortis do homem está fortemente associada ao fumo, ao álcool e à violência (acidentes de trânsito, tráfico, brigas...). Há espécies de insetos cujas fêmeas acabam com o macho depois de uma fecundação. Acredito que depois de certa idade, do casal, um acaba sendo executado pelo outro, psicologicamente. A execução acontece quando um não aprende a cuidar do outro ou outro do um.

Não me dou por satisfeito com os resultados de pesquisas e suas justificativas, tudo me parece muito superficial. Há um mistério nesta relação homem e mulher que precisa melhor ser estudado. Não por achar que o homem tenha de viver mais, mas penso que podemos viver tanto quanto elas. As viúvas vivem bem. Parecem que desabrocham. A expressão de melhora, física e psicologicamente, surge rapidamente depois da morte do cônjuge.

Muitos homens não se preparam para a velhice. Quando chega, eles angustiam-se e entram facilmente em desespero, embora procurem não demonstrá-lo. Somos especialistas em não demonstrar, conseguimos engolir todas as frustrações, mas aceleramos assim a morte. Muito diferente das mulheres. O homem vive mais quando assume o jeito feminino de viver.

                                                                                   * Professor

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