APRESSAR-SE DEVAGAR

14/04/2013 20:42

                         Romério Gaspar Schrammel*

Não faltam textos, não faltam consultores enumerando habilidades de um bom gestor. Somos brindados todos os dias com exemplos de gestores que fazem a diferença. Somos assim induzidos a alcançar os resultados dos melhores. Mas nada comparado à competência para a liderança de Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus, mais conhecido como Augusto, imperador romano.

Para Augusto a força estava nos fundamentos corretos. Ele era um homem que agia com muita cautela em praticamente tudo que fazia. Uma de suas frases favoritas era festina lente (apressar-se devagar). Certa vez comentara que a conquista era a parte fácil e glamorosa, o difícil era manter a união e conseguir administrar. Os princípios de Augusto valem para qualquer empresa. Se os alicerces são seguros e se os líderes têm visão clara, a empresa tem uma excelente chance de sucesso.

Uma vez decidido quanto ao curso de ação, Augusto o perseguia até estar satisfeito com o resultado. Dois pontos o faziam diferente: disposição para delegar autoridade e seu relacionamento de trabalho com os demais. Augusto guiava com firmeza o leme da democracia romana e defendia três princípios: 1º - o poder político é um crédito a ser exercido no interesse do povo; 2º - o governo deve ser uma responsabilidade compartilhada e 3º - nenhum governante está acima da lei. Assim foi eleito cônsul seis vezes e usou o cargo para executar reformas. Mas em 28 a.C, inesperadamente, renunciou. Esta renúncia foi politicamente calculada por ele para aumentar a sua popularidade e fazer com que parecesse indispensável. Os senadores então suplicaram para que ele continuasse no leme, aumentando ainda mais o seu poder.

Augusto criou infraestrutura para Roma, mas acreditava que subsídios do governo tiravam a iniciativa das pessoas e elas ficavam dependentes demais do Estado. No entanto nunca abandonou os pobres romanos que se tornaram dependentes e gostavam das diversões. O imperador tratava o senado com respeito aparente. Levantava da sua cadeira para cumprimentar senadores e magistrados e lhes concedia todas as cortesias públicas.

Um dos motivos do sucesso de Augusto, como líder, foi ter um senso prático de limites. Ao fazer a sua própria versão de análise de custo-benefício para as fronteiras de Roma, calculou que era hora de parar de expandir. Soube que empurrar as fronteiras do império, só para a sua glória, ao contrário de muitos gestores, seria muito caro e, no final, autodestrutivo. Augusto tinha visão e soube se concentrar para o bem de Roma de forma disciplinada. Ele jamais permitiu que o sucesso deformasse seu discernimento ou controlasse o seu comportamento. Dizia Augusto sat celeriter fieri quidquid fiat satis bene (aquilo que foi feito bem, foi feito rápido o suficiente).

                     *Professor e diretor da Kann PE

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